Uma Al-Qaeda do bem

Naquela época em que o Kalil dizia que marketing era “bola na casinha”, eu lamentava imensamente o fato de não explorarmos todo o potencial de uma marca como a do Galo – muito embora valesse a diversão de ver o presida cuspindo assim nos marqueteiros, esses seres humanos que vendem desde droga lícita até político como se tudo na vida fosse uma gôndola de sabonetes.

Com o tempo comecei a dar razão ao nosso Kalil: estávamos enganados. Não tínhamos um departamento de marketing, mas tínhamos 8 milhões de torcedores produzindo filmes, livros, blogs, raps, músicas de arquibancada, memes, zoeiras sem fim com o pobre do arquirrival que, coitado, gastava os tubos com seu marqueteiro.

No fundo, nós tínhamos o maior departamento de marketing do mundo, composto por 8 milhões de funcionários. Quantas vezes me peguei vendo alguma peça produzida voluntariamente por torcedores e me perguntando: quem precisa de departamento de marketing com uma torcida dessa?

Foi a pergunta que me fiz quando tomei conhecimento dos Consulados do Galo, do qual hoje sou orgulhoso conselheiro. Se fosse no Crüzeiro, um projeto desse levaria anos para ser desenvolvido, slogans (mentirosos, como de costume) seriam criados, rios de dinheiro correriam naquele lado da Lagoa. E no final a ideia não sairia do papel porque não há crüzeirense no mundo – quando eles saem de BH, mudam de time.

Eu sou um atleticano exilado em São Paulo, sou Galosampa. Um atleticano exilado é um fundamentalista em potencial: quanto mais longe do Galo, mais doente o cara vai ficando. Não há no mundo atleticano exilado que não termine por ser identificado como tal esteja ele onde estiver. Em Dublin ou Salvador, Nova York ou Luanda, não demora para a população local apontar-lhe o dedo: “Lá vai o atleticano”.

Com o advento dos Consulados, esses malucos todos agora podem se reunir, como num hospício. Malucos podem também ser recebidos por outros malucos em pontos diversos do globo. Se houver uma terceira guerra, o atleticano já terá suas células espalhadas por todo canto, como uma Al-Qaeda do bem, a honrar o nome de Minas no cenário esportivo mundial. E a disseminar o amor em forma de Galo.

Obrigado, Consulados do Galo, seus idealizadores e filiados: cês são foda!

Fred Melo Paiva

Conselheiro Honorario dos Consulados do Galo

… de repente um copo cai no chão e alguém grita “Galoooooo”

… de repente um copo cai no chão e alguém grita “Galoooooo” . É o suficiente para vários outros gritos surgirem e você se sentir em casa, num daqueles botecos mineiros.

É essa a sensação que os atleticanos enraizados em outras cidades têm, através dos Consulados do Galo espalhados mundo afora.

Consulados que reúnem famílias e amigos em torno de uma paixão em comum: o Clube Atlético Mineiro.

E assim, amizades vão sendo criadas com laços que duram enquanto houver uma camisa preta e branca pendurada no varal.

É a prova de que o amor ao Galo vai além fronteiras.

Camila Marinho
Jornalista
Conselheira Honoraria dos Consulados do Galo